domingo, 22 de maio de 2022

Kátia: disco de 1992 confirmava sucesso para a música sertaneja e contou com participações especiais

Responsável por embalar muitos romances com canções de amor, Kátia ganhou espaço nos programas sertanejos e foi a primeira cantora popular a gravar uma composição de Zezé Di Camargo
Artista que começou a carreira na adolescência, Kátia comemora mais de quatro décadas de uma brilhante trajetória, que inclui inúmeros prêmios de reconhecimento por seu talento como cantora e compositora, com sucesso inclusive no Exterior, através dos trabalhos que lançou para a América Latina. 
Fã e amiga pessoal de Roberto Carlos, por quem foi apadrinhada artisticamente e dele ganhou músicas inéditas, Kátia sempre gravou composições próprias e também de renomados compositores, como Eduardo Lages, José Augusto, Paulo Sérgio Valle, Michael Sullivan, Paulo Massadas, Isolda, Eduardo Dusek, Maurício Duboc, Carlos Colla, Chico Roque, Gilson, Joran, Lincoln Olivetti,Paulinho Camargo, Mauro Motta, Robson Jorge, entre muitos outros. 
O que o grande público talvez não tenha conhecimento, é que a artista sempre fora apaixonada por música sertaneja, tanto é que em 1990 foi a primeira a gravar Idas e Voltas, balada dos parceiros Paulo Debétio e Paulinho Rezende, música esta que entrou para a trilha sonora da novela Araponga, da TV Globo, como tema dos personagens de Dira Paes e Taumaturgo Ferreira. 
Kátia estava tão certa em ter gravado a canção, que a partir do ano seguinte a música ganharia regravações por nomes conhecidos do meio sertanejo, como Matogrosso & Mathias, Leonardo e Jayne, só para citar alguns. 
O saudoso apresentador de televisão, Edson Cury, o ‘Bolinha’, disse em seu programa que Kátia gravou Idas e Voltas “como ninguém”.
Voltando um ano antes, em 1989 Kátia também fora a primeira a gravar Bijuteria, de Chico Roque e Carlos Colla, presente em seu disco sob o título Quando a Noite Cai, posteriormente regravada pelas duplas Chystian & Ralf, Bruno e Marrone e cantora Suka. 
Em 1992 a cantora lançava seu sétimo álbum de carreira e terceiro pela PolyGram (atual Universal Music), sendo um trabalho muito especial e comentado. 
Com direção artística de Mayrton Bahia, direção de José Celso Guida e produzido por Waldyr Cunha, o álbum trazia, já na abertura, outro presente de Roberto e Erasmo Carlos para Kátia, Quando o Amor Acaba, adaptação de El Amor Acaba, de Manuel Alejandro e Ana Magdalena.
No especial de 1992, ela cantou ao lado do Rei Quando o Amor Acaba

Com Você ou Ninguém, de José Augusto e Paulo Sérgio Valle, Kátia é vencedora do Prêmio Sharp na categoria Melhor Música.
O presente de Kátia para seus fãs e para o público sertanejo, veio com a gravação da música De Carona na Felicidade, composição de Ed Wilson e Solange de Cesar, canção esta que colocou a cantora nas programações do gênero e lançou a dupla Tiãozinho & Alessandro (irmãos de Leandro & Leonardo e Chitãozinho & Xororó, respectivamente), como participação especial. De Carona na Felicidade também esteve no primeiro e único disco da dupla, bem como no álbum Bailão de Peão 2, ambos lançados pela PolyGram. 
Nota: a dupla sertaneja As Marcianas regravou após Kátia.
A música foi trabalhada também em programas de TV, com apresentações nos programas Sabadão Sertanejo e Clube do Bolinha. 
No mesmo álbum outra composição de tocar os corações, Até Você Voltar, de Chico Roque e Paulo Sérgio Valle. 
Confirmando ainda mais o caminho certeiro para o sertanejo, é a primeira artista fora do gênero a gravar uma canção de Zezé Di Camargo: Outra Vez, até hoje nunca gravada pelo cantor e compositor. A exemplo de Idas e Voltas, depois de Kátia, outros artistas regravaram Outra Vez, como Beth Guzzo. Com o parceiro Kaito Nogueira, ela empresta a doçura e suavidade de sua voz para Bate Uma Tristeza e Tem Que Haver Um Jeito
O cantor Elymar Santos é outra surpresa especial. Com ele, Kátia dividiu os vocais em Previsões, de Eduardo Dusek e Isolda.
Elymar Santos: cantor popular e querido

Eduardo Lages, que se fez presente como maestro na maioria das faixas do disco, compôs ao lado de Maurício Duboc e Paulo Sérgio Valle, outra linda canção, Tudo Que Eu Sinto Por Você
Em Pensa Bem, de Kátia, uma letra que faz refletir sobre um amor não valorizado, uma escolha errada e a espera de alguém que ainda aguarda a sua volta. Destaque também para Senhor, composta por Kátia, mensagem de fé que a cantora dedicou a todas as pessoas que acreditam que Deus é o princípio e o fim de todas as coisas do Universo, independente de sexo, raça ou religião.

 
Lançado em discos, fitas e compact disc. 
Há 30 anos.

sábado, 24 de abril de 2021

Fábio Jurera deixa o Tapanaraca, faz mistério sobre o futuro, mas garante continuar nas Artes

Ser humano que respira arte, Fabio Jurera desde muito jovem, ainda adolescente, descobriu a paixão pelo teatro. De uma peça para a escola, participações em grupos amadores e tornar-se ator profissional, Jurera não mediu esforços e nunca parou, criando o Tapanaraca, grupo que apresentou inúmeras peças e conquistou prêmios diversos, atravessando fronteiras estaduais, protejando o nome de Itapetininga e do ‘Tapa’ para todo o Brasil

Em entrevista ao blog ‘Ponto de Encontro’, Fábio Jurera lembra que o teatro entrou em sua vida em 1993, quando tinha apenas 14 anos, numa montagem para a EE Júlio Ataliba de Oliveira, onde estudava.

No ano seguinte ingressou no grupo teatral Ciranda da Lua, atuando em um dos maiores clássicos de Ariano Suassuna: O Auto da Compadecida, interpretando o Bispo.

Não demorou a ser convidado para fazer trabalhos em outra companhia: Em Cena Ação, atuando em O Rei da Vela, de Oswald de Andrade e em outros espetáculos.

Segundo Jurera, antes de criar o Tapanaraca, participou de cerca de 20 peças, se destacando tanto na comédia quanto no drama.

O moço de Itapetininga queria ir além, agregar mais conhecimentos, experiências e novas amizades. E assim o fez, quando decidiu cursar a Escola de Teatro Ewerton de Castro, em São Paulo, onde profissionalizou-se, participando posteriormente de outras oficinas, inclusive de cinema.

O ator e diretor Ewerton de Castro


Ao contrário de muitos que deixam sua terra para tentar fazer TV ou mesmo viver em companhias de teatro ao lado de atores famosos, ele fez o inverso, retornando para Itapetininga e criou o Tapanaraca Mutatis Mutandis, em 2002.

De ator a diretor

Após emprestar seu talento como ator para dar a vida a incontáveis personagens, já no Tapanaraca Fábio Jurera explorou muito mais seu lado diretor, preferindo ficar do outro lado, deixando os holofotes e aplausos para os mais de 100 atores que passaram por suas mãos.

O Tapanaraca Mutatis Mutandis projetou o nome de Itapetininga nas artes nacionalmente, com participações em concorridos festivais de teatro e conquistando muitos prêmios nas mais diversas categorias.

Saída do Tapanaraca

Aos 44 anos Fábio Jurera surpreendeu a todos, quando, nas redes sociais, anunciou que estava deixando o Tapanaraca definitivamente e desejando boa sorte aos que continuam.

'Opereta do Malandro', no Festival Nacional de Teatro,
em Pindamonhangaba/SP

Sobre o assunto, Jurera confirmou a saída, mas que ainda está envolvido em alguns trabalhos dentro do grupo.

Mistério

Sobre o motivo de deixar o Tapanaraca, o ator e diretor diz ter tomado tal decisão por sentir que tem outras maneiras de ajudar o teatro em Itapetininga, mas que para isso precisa ser de forma solo. “Fiquei 19 anos à frente da direção, hoje eles tem plena capacidade de continuar sem mim”, observou.

Pandemia

Questionado se a pandemia, que paralisou manifestações culturais como o teatro teria contribuído para deixar o Tapanacara, Jurera desabafou: “ficar longe dos palcos tem sido uma tristeza só comparada à falta de valor que as pessoas dão às manifestações populares do nosso município. Falo com propriedade por conta de ter 28 anos de carreira. A pandemia não teve a ver com minha decisão. Ela foi feita baseada em projetos futuros e na decisão de continuar evoluindo como artista local”, finalizou, sem revelar os projetos.

Na série 'Carcereiros', da Globo

Com o saudoso Antonio Balint

Amigos e diretores de teatro se reencontram


terça-feira, 6 de abril de 2021

Altair Lima: um gigante que navegou pelas artes

Ator foi um dos principais nomes da teledramaturgia. Com mais de quatro décadas de profissão, deixou sua marca também no Cinema e Teatro 

Nascido em Barretos/SP, em 08 de Julho de 1932, Altair Vieira de Faria Naves Pinto, artisticamente conhecido como Altair Lima, brilhou como um dos maiores atores de sua geração.

Casou-se duas vezes. A primeira com a atriz Maria Célia Camargo, com quem teve dois filhos. A segunda com a também colega de profissão e já saudosa Isabel Ribeiro, esposa que lhe deu mais três filhos. 

Em 43 anos de carreira, passou pelas principais emissoras de TV do País, como Tupi, em 1964, integrando o elenco de seu teleteatro.

Já em 1966, participou do elenco da TV Excelsior, atuando na novela Morro dos Ventos Uivantes, com direção de Dionísio Azevedo.

Ao lado de Procópio Ferreira, Rodolfo Maia e Glória Menezes, esteve na criação da primeira cooperativa de atores, com a peça A Infidelidade ao Alcance de Todos, de Lauro Cesar Muniz.

Em 1974 dirigiu o musical Godspell, estrelado por Antonio Fagundes e Lucélia Santos.

Altair Lima emprestou seu talento para muitas produções televisivas, em diferentes emissoras: Tupi, Excelsior, Record e Bandeirantes, com destaques para a primeira versão da novela A Viagem, de Ivani Ribeiro, onde viveu o protagonista César Jordão, ao lado de Eva Wilma, no papel de Dinah, de 1976, A Deusa Vencida (1965),  O Tempo e o Vento (1967), Os Imigrantes (1981) e Gaivotas (1979).  Na Globo esteve em Corrida do Ouro, de Gilberto Braga.


Lima brilhou também no cinema, nas produções Xica da Silva (1976), Um Intruso no Paraíso (1973), Fruto do Amor (1981), O Segredo da Múmia (1982), Bicho de Sete Cabeças (2001) e Narradores de Javé, este último lançado após sua morte.

Em 1988 esteve no elenco da minissérie Chapadão do Bugre, dirigida por Wálter Avancini e Jardel Mello, TV Bandeirantes.

Após uma pausa da na Televisão, em 1996 Altair retornou como o asqueroso Jacobino da novela Xica da Silva, de Walcyr Carrasco, sendo indicado para o prêmio de Melhor Ator.

O sucesso em Xica rendeu convite para participar de outra novela da extinta Manchete, Mandacaru (1997) e em seguida trabalhou na Record, onde fez Louca Paixão (1999) e Roda Viva, de 2001.


Seu último trabalho nos palcos foi com o monólogo Hamlet – Mensageiro da Agonia, então em cartaz no Teatro Sérgio Cardoso, em São Paulo.

Curiosidades: ligação do ator com a Região de Itapetininga

Sua primeira esposa, Maria Célia Camargo, atualmente com 85 anos, nasceu em Itapetininga.

No início dos anos 1990, o ator ocupou a pasta da Secretaria da Cultura de Campina do Monte Alegre, enquanto Maria Célia, de Guapiara.

O monólogo Hamlet - Mensageiro da Agonia, chegou a ser apresentado no Centro Cultural e Histórico de Itapetininga.

Falecimento

Altair Lima faleceu na véspera do Natal de 2002, aos 66 anos, de infarto fulminante, em seu sítio, localizado em Angatuba.

Nas fotos, o ator em vários momentos.

No dia 02 de abril, fotos atuais da sepultura de Altair Lima.




 Novela Os Imigrantes deve ganhar nova reprise

A TV Brasil negocia com a Band os direitos de exibição de Os Imigrantes, considerada um marco da teledramaturgia brasileira.

Escrita por Benedito Ruy Barbosa e dirigida por Atílio Riccó, com supervisão de Antonio Abujanra, o folhetim foi exibido entre 1981 e 1982, em 459 capítulos, com um elenco de150 capítulos, incluindo Altair Lima, Rubens de Falco e Othon Bastos, que protagonizaram a trama.

Como sugere o título, a novela contou a saga dos imigrantes que ajudaram a construir o Brasil, deixando seus países em busca de uma vida melhor.

terça-feira, 23 de fevereiro de 2021

Sucesso: escritor de Joinville lança biografia sobre a vida e carreira da cantora Perla

A história de vida e de talento do escritor impressionam. Ainda muito jovem, ele já se destacava com sua poesia. O autor já publicou vários livros e atualmente divulga a biografia da paraguaia Perla, uma das mais respeitadas e queridas cantoras de todos os tempos

Memorize bem este nome: Marinaldo de Silva e Silva, pois dentro de pouco tempo ele será amplamente conhecido.

Nascido em 25 de Outubro de 1973, na cidade de Joinville/SC, o filho de José Ubaldo da Silva e Dulcenéia Maria da Silva, Marinaldo, está virando notícia por ter sido escolhido para escrever a biografia de uma das cantoras mais populares, queridas e amadas do Brasil, a paraguaia Perla, responsável por sucessos como Pequenina (Chiquitita), Fernando, Rios da Babilônia, Meu Primeiro Amor, India, Galopeira, entre muitos outros. Vale lembrar que Perla foi à época a única artista autorizada pelo grupo sueco ABBA a regravar suas canções.

Antes de saber mais sobre a biografia, o blog Ponto de Encontro quis conhecer quem é o autor de Perla, a Eterna Pequenina.

Caçula de sete irmãos, incentivado pelos pais, em especial pela mãe, Dulcenéia, Marinaldo lembra que a matriarca era semianalfabeta. Diz ter sido ela a responsável em estimular-lhe a imaginação e por trazer experiências filosóficas mesmo antes dele entender o que era filosofia e que o pai lhe trouxera os livros, instigando-o, querendo que o pequeno Marinaldo fosse “o homem mais inteligente do mundo”, sempre lhe perguntando e aliciando sobre o que poderia fazer com as palavras, até que um dia Marinaldo aceitou o desafio, dizendo que estaria pronto, mas o pai fora enfático: que ter esse poder era como conquistar o horizonte, trazendo-lhe em seguida uma enciclopédia lançada no início da década de 1980: O Mundo das Maravilhas.

Questionado sobre qual gênero de literário mais lhe atrai, o escritor disse apreciar Literatura Fantástica e toda aquela que venha “vestida de poesia”, revelando que entre seus autores preferidos estão Gabriel Garcia Márquez, de Ítalo Calvino, Victor Hugo. Caio Fernando Abreu e também Manoel de Barros.

O poeta e suas obras

Marinaldo é poeta e se declara apaixonado pela palavra, “adocicado pelas que fazem magia”. Conta que seus primeiros livros foram de poemas. “Eu era um ajudante de pedreiro. Lembra que certa vez “um cara da obra apontou a foto de uma modelo nua, num calendário, e disse: essa mulher é a maior gostosa”, quando ele respondeu: “pode ser, mas acho que no fundo ela é uma poesia”, acrescentando que ele “tirou onda”, que falava “bobagem”. Foi quando o talentoso jovem falou que  transformaria a moça da imagem num poema. Assim nasceu o texto O Retrato da Poesia na Parede. “Lembro que subi num banco e li para todos os trabalhadores da obra. Ouve um silêncio. Alguns gostaram. Outros disseram que era coisa de veado. E quem sabe, fosse. Mas que eu transformei a gostosa num poema, eu transformei”, relembra Marinaldo, orgulhoso.

O poema deu tão certo que no caminho para casa, ao passar por uma praça, viu um amontoado de outros poetas e poetisas expondo textos num varal literário. “Eu falei que queria pendurar o meu texto, se era possível. Eu calçava botina, estava coberto de pó, roupa rasgada, indo para casa tomar banho, porque tinha acabado a água na obra”, recorda-se, acrescentando que seu poema foi então “dependurado no meio daquela gente bacana e perfumada. Fiquei na espreita. Alguns comentavam a respeito”.

Feliz da vida e muito orgulhoso, o ajudante de pedreiro foi para casa. Sua poesia já não era mais somente dele, nem dos trabalhadores da obra, mas estava ali, no varal literário localizado no meio de uma praça na cidade, ao alcance daqueles que parassem para ler.

A sorte estava lançada, mesmo sem qualquer pretensão do jovem poeta. Uma semana depois, um jornalista publicou seu poema no principal veículo de comunicação impresso de SC, o Diário Catarinense. “Eu tomei um susto, estava na obra, estava lá o meu poema e abaixo: autor desconhecido”, conta o escritor, que a partir daquele momento quis mostrar quem era e nunca mais parou.

Perla

O autor e a cantora Perla

Sobre como surgira a oportunidade de escrever a biografia da cantora Perla, Marinaldo comenta que em 2013 enviou ao fã clube da artista um poema para ela, inspirado numa canção chamada Anahi, que tem um trecho cantado em Guarani.

Segundo ele, o objetivo do poema era chamar a atenção de Perla para que ela gravasse um vídeo em homenagem a um grande amigo dele, que é fã incondicional. “Eu conhecia Perla por meio apenas de algumas lembranças afetivas da infância, mas não era um ‘acompanhante’ de sua carreira’, observou Marinaldo, contando que toda vez que entrava no carro desse amigo, a música de Perla estava presente, quando começou a prestar atenção. “Meu objetivo, além do vídeo, era saber quanto ela cobrava por um show particular, numa casa, para convidados, já que queria presentear seu amigo em seu aniversário de 50 anos, que aconteceria em 2018.

O escritor menciona que em 2017, a irmã de Perla, Stela Pedrozo (falecida em 2020) lhe telefonara, revelando que o poema havia chegado até suas mãos depois de todos aqueles anos e que ela tinha se comovido com a maneira como ele havia falado, tentando buscar uma forma de homenagear um amigo.

A poesia acabou não só chamando a atenção, como despertou a vontade de descobrir quem era o autor, chegando a pesquisar na Internet e tomar conhecimento que ele na ocasião já tinha 14 livros publicados. “Stela viu meu trabalho, acompanhou minhas postagens, leu o entrelaçamento que eu tinha, e ainda tenho, com a busca por um elo entre palavra e Humano, por meio da poesia”.

Marinaldo conta que depois de quinze minutos de conversa, ela relatou seu sonho: ver a história da carreira da irmã, Perla, escrita numa biografia e que dois dias depois ligou, convidando. “Eu aceitei na hora. Não tive medo das futuras críticas. Só disse as duas, já no primeiro encontro em julho de 2017, que eu usaria na narrativa uma linguagem de um contador de histórias. Não faria uma biografia jornalística, cheias de estatíscas. Eu contaria uma história como as do "Era uma vez..."

De acordo com o autor, o fato de nunca ter sido fã da cantora, daqueles que colecionam tudo, teve seu lado positivo. “Foi bom, porque tiraria o olhar da paixão que tudo cega e colocaria o olhar daquele que reconhece que toda estrela brilha, mas que também pode ser distante. Não que tenha sido necessariamente assim a minha relação com a cantora. Mas o fato de a ver mais humana que artista me deu subsídios para escrever a história dela com menos verniz, mesmo que ainda assim tenha tanta coisa brilhante”, observa. 

Momentos marcantes

Perguntado sobre o que mais lhe chamara a atenção enquanto esteve com Perla, Marinaldo revela ter sido a “simplicidade” da cantora e “alguns devaneios também”. “Relembrar fatos que aconteceram pelo menos 60 anos atrás (Perla completará 70 anos neste mês de março) é sempre uma tarefa de preencher lacunas da memória. Para um biógrafo, o fato é imprescindível, mas as lacunas são os espaços onde a gente insere a nossa poesia”, comenta, citando, por exemplo, dela falando de quando viu pela primeira vez um palco de verdade, e tinha uma cortina vermelha, de veludo. “Enquanto a ouvia eu entrei no palco, eu senti o veludo, me irritei com o cheiro do ácaro (tenho rinite), senti a maciez do tecido, o brilho, a pompa... aí entrou a minha linguagem poética para reconstruir essa memória que trazia para o presente aquele momento, mas já não era o mesmo momento, era um momento transformado pelas experiências de quem contou e pelos ouvidos de quem ouviu”, continuou.

Dedicação

Marinaldo revela que a biografia levou três anos para ser concluída, que teria continuidade, se não tivesse acontecido alguns percalços. “No meio do caminho Perla perdeu duas irmãs e um papagaio que ela tinha um amor maternal. Isso a abateu, diminuiu a paciência, aumentou o cansaço. Não fossem essas questões, eu teria avançado para outras searas”, pontua.

Além de escrever a biografia da cantora, o autor foi além: no final de 2019, quando decidiu finalizar o livro, informou à cantora que procuraria uma editora.

“Aguardamos então aquele ano finalizar, entramos em 2020. Passaram-se as férias, eu também precisava respirar, afinal era a vida de Perla invadindo a minha há quase três anos, então, era necessário uma pausa. Mas então veio a Pandemia, naquele mês de março”, relembra, enfatizando que então “os planos se espatifaram”, mas que como uma jogada de marketing, inclusive, imaginou que lançar o livro naquele período “seria benéfico para o mercado, que consumiria esse produto, já que forçados a ficar em casa, a leitura poderia ser uma grande válvula de escape”.

Marinaldo resolveu fazer uma aposta: assumir todas as despesas com a publicação do livro. “Fui o responsável por pagar não só a publicação, mas a construção do site, a arte da capa, o corretor ortográfico, a responsável pela edição e um artista visual para corrigir as fotografias para que elas recuperassem a qualidade”.

Perla e o resultado

Segundo o autor, Perla se mostrou feliz quando recebeu a obra pronta: “disse que é uma realização receber essa biografia em vida, estar aqui para apreciá-la”, destacou.

Marinaldo informou que a edição é limitada, com 650 exemplares e que 500 servirão para custear as despesas acumuladas. “Friso que em nenhum momento cobrei qualquer centavo da cantora, nem para o trabalho de pesquisa e escrita, assim como qualquer mínima despesa e 150 exemplares serão doados a cantora para uma eventual sessão de autógrafos pós-pandemia”.

Ele espera que quando tudo se normalizar, Perla possa participar de programas de Televisão para divulgar a biografia, promovendo assim maior visibilidade e quem sabe lançar uma segunda edição.



Fãs e repercussão

Marinaldo conta que o livro já foi vendido para 47 cidades de diferentes estados do Brasil, de todas as regiões.

“As pessoas têm feito críticas muito positivas, o que tem me aliviado. Alguns tem dito que eu escrevi uma biografia numa narrativa nova, numa linguagem menos jornalística e factual, apostando numa condução narrativa como faz um contador de histórias. Tem valido a pena”, comemora.

Outras publicações do autor

Ao todo, Marinaldo Silva e Silva contabiliza 16 obras publicadas, sendo 17 com a biografia. Revela que após Perla, tem recebido algumas ligações para escrever. “Pessoas que não são do meio artístico, que fazem uma história incrível longe dos holofotes”, diz, citando o caso de uma missionária colombiana que vive nos EUA e que viajou de bicicleta por toda a América Latina levando as suas convicções, além do caso de um garoto que acordou do coma ouvindo a música do DJ ALOK, num processo de empenho do seu pai que hoje é um palestrante, entre outras ações. “Eu tenho alguns sonhos na área. Gostaria que Perla, a Eterna Pequenina chegasse às mãos de Roberta Miranda. Seria uma história que eu gostaria de contar: mulher, sertaneja, surgida num tempo em que o homem era imperador no meio, nordestina, escreveu composições que fugia às regras e ao que era comum, como letrista, durante seu surgimento. Infelizmente, não tenho uma assessoria que me fizesse chegar até ela”, lamenta.

O que reserva Perla, a Eterna Pequenina

Quanto ao conteúdo da biografia, Marinaldo comenta que o leitor encontrará muita similaridade. “Quis mostrar uma senhora, um ser humano, seus sonhos, sua determinação e falhas, uma história que estimule as pessoas, que as incentive, que as faça entender que para alcançar nossos objetivos necessitamos de foco e disciplina, e que os problemas e as intempéries estarão sempre presentes, e constantes”, ressalta.

As palavras do escritor sobre a obra deixam claro que a biografia veio para ficar, unindo passado, presente e futuro. “Assim é a vida, essa roda gigante que nos presenteia com suas voltas até e o dia em que tenhamos de sair do parque. A Eterna Pequenina não foi feita apenas para os fãs, para os pós-morten, para aqueles que um dia, se puderem ler essa biografia, venham a entender quem foi essa mulher que movimentou os imaginários de milhões de pessoas por meio de sua presença, e da sua voz”, esclarece.

Curiosidades

A biografia reserva curiosidades sobre a carreira da artista, bem como trechos narrados em Primeira Pessoa, além de um álbum de fotografias, capítulos divididos em ordem cronológica, com cada um deles apresenta um trecho ou um título dos grandes sucessos da cantora.

O livro também inclui depoimentos de fãs de todo o Brasil, com comentários de como Perla se fez presenta na vida deles, “mostrando assim, um respeito enorme pelo seu público. Foi uma ideia minha que Perla comprou na hora. E tem depoimentos incríveis, assim como revelações muito interessantes da cantora”, adianta.

Para adquirir o livro

O autor deixa a seguir um link criado exclusivamente para adquirir o livro. https://portamarinaldo.wixsite.com/perla, pelo Mercado Livre https://produto.mercadolivre.com.br/MLB-1792219625-livro-biografico-perla-a-eterna-pequenina-_JM#position=3&type=item&tracking_id=17c4efe0-700f-4d3f-a8ce-9dc6ca494a59, ou ainda diretamente com Marinaldo, através do whattsapp 47 99605-7586.

O mercado editorial na visão do autor

Para Marinaldo, cuja experiência é vasta, o Mercado Editorial é fechado. “Ás vezes sinto que há um certo apadrinhamento para determinados nichos, um mercado interessante economicamente principalmente para quem aposta na literatura infantil ou juvenil ou nos gêneros exotéricos e de autoajuda”, enfatiza.

Mesmo com a Internet e suas possibilidades, Marinaldo acredita no velho formato do livro físico, “com cheiro, marcas, presença e forma ainda é insubstituível, até mesmo porque no meio digital, um leitor estará sempre interligado com outras fontes de informação, o que tornará a leitura menos absorvida”.

O autor também aponta para o fato de que os grandes editores continuam tratando escritores como ele, regionais, “como pessoas que vivem passando o pires e pedindo esmola” e que não há um olhar para aqueles que surgem por meio de editais de cultura, os vencedores de concursos literários” e que existe “uma sanha por modismos, por americanismos, por ismos e mais ismos... Embora eu também consuma ISMOS, e faça parte dele, é necessário que o olhar se volte para o que é produzido aqui; temos lendas, ambientações, nomes próprios, lugares, costumes propícios a muitos best-sellers, e o que se vê, ou melhor, o que se lê, geralmente é sobre lobisomens, castelos, Marys and Richards, Sunset Boulevard, pessoas que não se abraçam. Temos que apostar na literatura brasileira, nas histórias de nossos personagens, para que sejamos, nós também, protagonistas e não mero expectadores”, dispara. 

Bíblia, um livro que não pode faltar

Marinaldo relata que a Bíblia Sagrada foi o livro que o instigou a buscar o conhecimento e que teve muita importância no período em que sua mãe, antes de morrer, se encontrava muito fraca e lhe pedia que lesse a Bíblia para ela, uma vez que ela já não mais conseguia. “Eu lia e ela me perguntava – semianalfabeta que era – o significado de cada coisa. Fiquei espantando com o universo fantástico da Bíblia, onde uma mulher saía de dentro de um homem, onde uma árvore de Sarsa era capaz de falar e um homem com um cajado poderia abrir um mar inteirinho! Um dia minha mãe me perguntou onde era o Paraíso, ela queria ir pra lá. Eu era criança, e disse que procuraria uma resposta. Meu pai então me trouxe o Livro das Maravilhas, como eu havia narrado, e quando eu abri vi a fotografia de uma ave linda, chamada Ave do Paraíso e vivia na América Central. Eu fiquei muito empolgado. Tão empolgado que, na minha inocência infantil entrei correndo no quarto para falar para ela: mãe, a senhora já pode morrer, porque o paraíso existe, e fica na Guatemala”.

Sem ídolos

Quando perguntado sobre seus ídolos na música, Marinaldo declarou não ser adepto, pois acha “perigoso” e “produz cegueira”, mas que se encanta quando vê pessoas que se entregam muito em determinado momento ou canção, que “é capaz de crescer em nós e fazer raízes”.

Do repertório de Perla, diz ser inesquecível para ele a interpretação de CUCURRUCUCU e da música Malageña. “Eu acho que ela tem uma das vozes mais impactantes do mundo, é a nossa Mercedez Sosa atual, representante de uma classe de artistas latino-americanos que não existem mais. Mas tenho admiração pessoal pela obra de Maria Bethânia no universo da MPB, por Roberta Miranda no universo sertanejo, por Edith Piaf e sua história pessoal. Sempre gostei mais das cantoras. Mas admiro muito o trabalho interpretativo do contemporâneo Jonny Hooker e pela eterna melancolia do Rei Roberto Carlos”.

Mensagem para os leitores e fãs de Perla

“São centenas de pessoas, fãs de Perla, que tenho tido o prazer de compartilhar áudio, mensagens e telefonemas. Vocês são inacreditáveis, são feitos de tanta delicadeza, de tanta entrega, de tanto altruísmo com a cantora, que é realmente pacificador. Estão sendo um estímulo para mim, enquanto escritor, e um bálsamo num momento de pandemia onde a palavra e o gesto, creio que sejam o grande remédio”, finalizou.

NR: Obrigado, Marinaldo, pela oportunidade de conhecer sua linda história. Você possui um talento incrível, que não pode ficar escondido apenas em sua Região, mas atravessar fronteiras, o que está sendo possível com Perla, a Eterna Pequenina.

A entrevista contigo com certeza é uma das mais belas e mais ricas que já tive a oportunidade de realizar.

Um grande abraço!

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2021

SP Sul TV: primeira emissora comunitária de Itapetininga fez a alegria de gerações

Em 18 de Setembro de 1990, início da Primavera, Airton Rodrigues inaugurava a SP Sul TV, ocasião em que o saudoso apresentador lembrou que naquela mesma data, quarenta anos antes, participara do nascimento da Televisão no Brasil, com a Tupi.

O apresentador Airton Rodrigues



Idealizada e criada pelo empresário e comunicador José Abrão, a primeira emissora comunitária de Itapetininga durou até 1999 e se ainda estivesse no ar, teria completado em 2020 seus 30 anos.

Os estúdios, no Vale San Fernando

Mesmo dispondo de poucos recursos tecnológicos para a época, o canal 44 contava com um time de grandes profissionais, como locutores das rádios Difusora AM e Super Difusora FM, do grupo ABR Comunicações.

Unidade móvel da emissora












A programação era para toda a família, desde atrações para o público infantil, esportes, sertanejo, policial, telejornal, entrevistas e até mesmo uma minissérie.

Almoço Com as Estrelas

Amigo da família Abrão, Airton Rodrigues trouxe de volta o seu Almoço Com as Estrelas, o mesmo que comandara ao lado da então esposa Lolita e inspirou outros tantos programas em diferentes canais de TV. As gravações aconteciam no Restaurante Archote.

Como nos velhos tempos, Airton e Lolita Rodrigues

Na versão para Itapetininga, Airton apresentou o programa ao lado da esposa Maria Teresa.

O apresentador faleceu no dia 1º de Novembro de 1993, aos 71 anos.

Show da Criança

O Show era exibido de segunda a sexta, ás 18h

Apresentado por Paula Guarnieri, este foi sem dúvida, ao lado do Almoço Com as Estrelas, o programa de maior sucesso da SP Sul TV.

Gravado aos sábados, nas instalações da danceteria Bullus, o infantil atraia pessoas de várias gerações para ver de perto a performance de crianças e adolescentes que se inscreviam para dublar artistas famosos e, claro, ver cantores que estavam em início de carreira ou já consagrados, afinal, quem não queria aparecer na TV? A dublagem se tornou febre na cidade e Paula Guarnieri conquistou seu espaço e a admiração de seu público.

A exemplo de apresentadoras famosas, ela também tinha suas auxiliares de palco, além do Palhaço Feliz, que sem maquiagem era André Luiz Garcia, que posteriormente fora radialista, policial militar e atualmente padre.

Pelo palco do Show da Criança passaram artistas como o cantor sertanejo Marcelo Aguiar, o cantor e compositor Tivas Miguel, Mauro Ghan e até mesmo a sambista Eliana de Lima, mas um dos grandes momentos ficou por conta da apresentação do Grupo Super Feliz, responsável pelo sucesso Carrossel, da novela homônima do SBT.

Morada Sertaneja

Roberval Rodrigues: grande sucesso também na TV

Vindo de Bauru/SP, Roberval Rodrigues fazia grande sucesso com seu programa de rádio, êxito este que se repetiu na TV, com Morada Sertaneja, gravado numa churrascaria no centro da cidade.

Pela atração passavam cantores desconhecidos do grande público e também nomes consagrados.

 

Anos mais tarde, Roberval em sua emissora

Programa Oliveira Jr.

Outro radialista que também emplacou na SP Sul TV foi Oliveira Jr. Seu programa de auditório contava com números musicais e o apresentador também interagia com a plateia. As gravações aconteciam no andar superior do Sindicato Rural.

 

Programas policiais

Gildo Moraes também mostrou seu talento de apresentador de notícias policiais também na TV, bem como o polêmico Marcos Motta, cada qual com seu estilo.

O apresentador Gildo Moraes: do rádio para a TV
 

Telejornal

A emissora também reservava espaço para o seu telejornal, tendo como âncora o radialista Walter Nakan, além de Paula Guarnieri, que dividiu a bancada após o fim de seu programa infantil.

Gente Como Agente

O professor e colunista Ivan Barsanti Silveira e a psicóloga Regina Soares apresentavam o programa Gente Como Agente, com temas diferentes abordados e convidados, além de atrações musicais.

Ivan no comando do programa, gravado nos estúdios

“Colocamos o nome do programa desta forma para dar o conceito de agente de transformação, de atividade”, relembra Regina.

 

Ao lado de Ivan, Regina abordou assuntos importantes

Repórter Caipira

O violeiro Bob Vieira fez sucesso na pele de um apresentador caipira, destacando a figura do sertanejo e mostrando a Cultura em Itapetininga em suas diferentes áreas.

O 'Repórter Caipira' em ação

Outra performance de Bob Vieira

O tempo passou e Bob continua talentoso

Passaporte 44

Colunista do jornal Folha de Itapetininga, Josiane Alciati esteve à frente de um programa de entrevistas.



 







Nossa Gente na TV

Hoje responsável pelo Jornal Mulher, Jacqueline Audrey Venâncio, também teve seu programa de entrevistas, o Nossa Gente na TV. E um detalhe: seus cabelos eram escuros.

Arte & Cultura

Além do Gente Como Agente, Ivan Barsanti também apresentou o Arte & Cultura, destacando e comentando os principais lançamentos em filmes, livros e música.

Fatos curiosos

Na inauguração da SP Sul TV, ocorrera a transmissão ao vivo de um parto na maternidade da cidade.

Um programa de luta livre, com a participação de Maria Teresa (esposa de Airton Rodrigues), tinha como cenário o CASI – Clube Atlético Sorocabana de Itapetininga.

A programação teve ainda uma minissérie chamada Um Conto em Três Pontos, sendo uma das locações, o Cemitério São João Batista.

O cinegrafista Fabrício Vieira comentou sobre esta produção:

"Eu fui câmera sob direção de José Abrão. Gravamos em uma noite, entrando madrugada adentro. Foi usada a lateral direita do cemitério. A unidade móvel de gravação e toda equipe técnica e a produção de atores ficaram concentrados na ruazinha ao lado do cemitério. Foram feitas cenas no necrotério (antigo) e alguns túmulos", recorda Vieira.

Depoimentos

Para falar sobre os 30 anos da SP Sul TV, tentamos contato com vários nomes que passaram pela emissora, porém, nem todos responderam.

Confira a seguir, o que disseram os entrevistados:


Fabrício Vieira - Cinegrafista

Futuro promissor: o jovem Fabrício


Principal cinegrafista da SP Sul TV, Fabrício Vieira também participou da reportagem e conta como tudo começou.

“Minha mãe tem uma foto onde apareço com três ou quatro anos, na qual estava com uma máquina fotográfica em mãos e penso que foi então que tudo começou”, diz Vieira, acrescentando que sempre gostou de dormir ouvindo rádio. “Na época era Turma da Maré Mansa, Rádio Globo do Rio. Na casa da minha avó materna ouvia Zé Betio e Filisbino na Rádio Difusora”, cita o cinegrafista.

“O tempo passou eu comecei a gravar fita cassete em um aparelho de som ‘3x1’, que com muito sacrifício minha mãe comprou. Me lembro que tinha dois decks e dava para gravar de fita para fita. Na época eu gravava e presenteava alguns amigos”, diz, orgulhoso.

Fabrício Vieira comenta sobre sua “linda e inesquecível infância”: “fui servente de pedreiro, pintor, pois meus tios eram mestres na arte da construção. Também trabalhei como engraxate e entregador de jornais do saudoso Gazeta de Itapetininga, onde os proprietários eram o sr. Severino - um nordestino que lidava com a parte mecânica do jornal  e o respeitado jornalista Osmar (in memorian) e sua fiel irmã, Maria Rodrigues dos Santos, que tocavam o jornal. Depois fui trabalhar das 17 às 21h no bar do sr. João Caju, na esquina da pracinha da vila Rosa”, acrescentando: “foi quando aprendi a me expressar e a lidar com pessoas de todas as classes e a ouvir os mais experientes e continuava a gravar fitas e ouvir rádio. No bar ia uma pessoa que chamavam de Toninho Tabaco (motorista de uma novela que não lembro mais) ele era motorista da família Abrão, foi quando escutei minha mãe cochichar com meu pai que eu já estava com 15 anos e na hora de agarrar algum trabalho melhor, quando meus pais sugeriram que eu fosse trabalhar na rádio, já que conhecia o ‘Tabaquinho’. Não deu outra. Seu sonho de trabalhar em comunicação estava prestes a se realizar. “Em três dias encostou um carro em frente a minha casa e ouvi palmas, quando saí para ver, era o próprio Tabaco me perguntando se eu queria trabalhar na rádio. Claro que disse sim e falou que na manhã seguinte estivesse na rádio para conversar com Cláudio Teixeira (que depois soube que era de televisão, da época da TV Tupi e SBT e estava lá aguardando a montagem da SP Sul TV), que logo viria a ser inaugurada e Cláudio, um dos poucos com experiência veio me ensinar. Meus olhos se encheram de alegria e ao final da visita ficou acertado que começaria no Jornal do Meio Dia, com Chico Vey, Walter Nakan, Carlos José de Oliveira e às vezes o  (como carinhosamente me refiro até hoje ao José Abrão) e na sonoplastia Alberto Cláudio, grande profissional. Foi Alberto Cláudio que me ensinou a ser sonoplasta e operador de áudio de rádio difusão. Muitas histórias vivi ali, até que muitas outras vivi com a chegada da SP Sul TV”, concluiu.

Fabrício participou do "boom" da emissora, entre 1990 e 1992", depois, seguiu carreira, trabalhando em diferentes emissoras, como SBT, Globo, Canção Nova, entre outras.
Experiência: Fabrício hoje


Fábio Campos (cinegrafista) 

Fábio Campos e José Abrão

 “Sempre fui apaixonado por televisão e meios de comunicação de um modo geral. O meu tio, Ivan (Barsanti) desde que eu me conheço por gente, já tinha uma filmadora, aquela super 8, que tinha que revelar para depois passar no projetor. Aquilo era uma câmera de cinema, não tinha videocassete, mas câmera de rolo. Mais tarde começaram a aparecer as câmeras VHS”, lembra Campos.

“Em 1990 inaugurou a SP Sul TV, fato histórico, porque naquela época, dificilmente uma cidade pequena, de médio porte como Itapetininga, tinha uma emissora de televisão local. Foi um grande marco para nossa cidade”, destaca o cinegrafista.

Fábio Campos conta como surgiu a oportunidade de trabalhar no rádio e depois, na própria SP Sul TV.

“O irmão de um grande amigo meu, Fabrício Vieira, começou a trabalhar na Rádio Difusora, e foi trabalhar como câmera na SP Sul TV. Eu era novo ainda, tinha 14 anos. Fiquei maravilhado com aquilo, uma inovação para Itapetininga e Região, nem Sorocaba tinha uma emissora local”, relembra.

“Sempre desejei ser cinegrafista”, enfatiza Campos, lembrando uma frase de sua avó. “Você quer ser o que? Cinegrafista? Ah, aquela câmera é pesada e não dá futuro. Tem que fazer faculdade...”

“Aí terminei o colegial, fui fazer faculdade de Publicidade em São Paulo e não deu certo. Acabei voltando pra cá, em 1996. Fui fazer cursinho e depois cursar faculdade de Publicidade em Sorocaba. Meu tio Ivan tinha um programa que se chamava Arte & Cultura. Comecei a fazer imagens em cinema para seu programa e o pessoal gostou. Daí o André Garcia, que hoje é padre, queria montar um núcleo de jornalismo e me chamaram”.

“Lá conheci a atual prefeita, Simone Marqueto, que começou na SP Sul TV, na época era Simone Camargo”, lembra Campos, que chegou já na fase final da emissora, quando a SP Sul TV estava só com o jornalismo.

A SP Sul TV foi importantíssima para muitas pessoas que começaram ali e estão até hoje, como a Neiva Correa, o próprio Helton Rodrigues, que depois foi para a Globo, Mário Nogueira e o Fabrício, que faz os jogos da Globosat (Esporte TV).  É uma pena que tenha acabado. Não sei como ficaram os arquivos”, indaga.

Paula Guarnieri

Paula Guarneri: apresentadora fez muito sucesso

Antes de comandar o Show da Criança, Paula Guarnieri era dona de uma das maiores audiências da Super Difusora FM.

Sempre muito simpática e atenciosa, Paula também comentou sobre o período em que integrou a equipe da SP Sul TV.

“Paramos a cidade literalmente. Nessa época não tínhamos TV TEM e Jovem Pan. Tudo era mais simples, porém, com mais identidade. Na verdade o que eu queria era ser apresentadora de telejornal”, revela Paula, o que conseguiu quando acabou o infantil.

Para ela, o que mais marcou além da inauguração, foi quando ficou uma hora ao vivo, sem roteiro, mas no improviso. “Foram os comentários mais positivos e encorajadores que recebi de que tinha jeito para a coisa”, risos, citando ainda outro importante momento, no programa Almoço Com as Estrelas, quando fez parte do quadro Roda Viva, entrevistando o Jair Rodrigues e na mesa também, Wilson Simonal. “Foi emocionante. Me sinto pioneira, enfatiza”. 

Gil Velloso

O empresário Gil Veloso: amizade com Airton desde a Tupi

Empresário que levou muitos nomes para participar da programação da SP Sul TV, Gil Velloso também falou sobre a emissora.

“Foi muito bom ter participado juntamente com meu saudoso amigo Airton Rodrigues. Era um espaço a mais para a divulgação de nosso trabalho no Interior”.

Tivas Miguel



Compositor de sucessos gravados por inúmeros artistas, Tivas Miguel esteve na programação da SP Sul TV lançando álbuns como intérprete.

Mauro Ghan

Atualmente Mauro Gambini, foi outro grande talento a mostrar suas músicas na programação da SP Sul TV.

Além da carreira de cantor, teve seu próprio estúdio, produzindo diversos nomes e hoje trabalha como hipnoterapeuta.



Outros nomes

Carlos José de Oliveira, Chico Vey, Clarindo Lamounier, Pedro Lacerda, Cesar José Cardozo, Lúcio José, Tibúrcio, também integraram a equipe da SP Sul TV, entre muitos outros.

O saudoso Dioguinho do Sertão e Tibúrcio
Pedro Lacerda

O padre André Garcia, que já foi o Palhaço Feliz

 

Tuty, filha de José Abrão e atual diretora das rádios

Agradecimentos

Obrigado, Família Abrão, através do próprio sr. José Abrão e sua esposa Telma, pelo presente maravilhoso que foi, ainda que por poucos anos, a existência da SP Sul TV.

Tuty, obrigado pelo carinho e atenção de sempre.

Paula Guarneri, pode ter a segurança de que seu programa fez a felicidade de muitos e com certeza tais lembranças estão guardadas para sempre, na mente e no coração, afinal, como dizia a música de abertura, “a vida é, uma criança, no carrossel, de esperança...”

Este artigo é para deixar registrado um pouco do que foi a nossa querida TV Comunitária.