quarta-feira, 17 de fevereiro de 2021

SP Sul TV: primeira emissora comunitária de Itapetininga fez a alegria de gerações

Em 18 de Setembro de 1990, início da Primavera, Airton Rodrigues inaugurava a SP Sul TV, ocasião em que o saudoso apresentador lembrou que naquela mesma data, quarenta anos antes, participara do nascimento da Televisão no Brasil, com a Tupi.

O apresentador Airton Rodrigues



Idealizada e criada pelo empresário e comunicador José Abrão, a primeira emissora comunitária de Itapetininga durou até 1999 e se ainda estivesse no ar, teria completado em 2020 seus 30 anos.

Os estúdios, no Vale San Fernando

Mesmo dispondo de poucos recursos tecnológicos para a época, o canal 44 contava com um time de grandes profissionais, como locutores das rádios Difusora AM e Super Difusora FM, do grupo ABR Comunicações.

Unidade móvel da emissora












A programação era para toda a família, desde atrações para o público infantil, esportes, sertanejo, policial, telejornal, entrevistas e até mesmo uma minissérie.

Almoço Com as Estrelas

Amigo da família Abrão, Airton Rodrigues trouxe de volta o seu Almoço Com as Estrelas, o mesmo que comandara ao lado da então esposa Lolita e inspirou outros tantos programas em diferentes canais de TV. As gravações aconteciam no Restaurante Archote.

Como nos velhos tempos, Airton e Lolita Rodrigues

Na versão para Itapetininga, Airton apresentou o programa ao lado da esposa Maria Teresa.

O apresentador faleceu no dia 1º de Novembro de 1993, aos 71 anos.

Show da Criança

O Show era exibido de segunda a sexta, ás 18h

Apresentado por Paula Guarnieri, este foi sem dúvida, ao lado do Almoço Com as Estrelas, o programa de maior sucesso da SP Sul TV.

Gravado aos sábados, nas instalações da danceteria Bullus, o infantil atraia pessoas de várias gerações para ver de perto a performance de crianças e adolescentes que se inscreviam para dublar artistas famosos e, claro, ver cantores que estavam em início de carreira ou já consagrados, afinal, quem não queria aparecer na TV? A dublagem se tornou febre na cidade e Paula Guarnieri conquistou seu espaço e a admiração de seu público.

A exemplo de apresentadoras famosas, ela também tinha suas auxiliares de palco, além do Palhaço Feliz, que sem maquiagem era André Luiz Garcia, que posteriormente fora radialista, policial militar e atualmente padre.

Pelo palco do Show da Criança passaram artistas como o cantor sertanejo Marcelo Aguiar, o cantor e compositor Tivas Miguel, Mauro Ghan e até mesmo a sambista Eliana de Lima, mas um dos grandes momentos ficou por conta da apresentação do Grupo Super Feliz, responsável pelo sucesso Carrossel, da novela homônima do SBT.

Morada Sertaneja

Roberval Rodrigues: grande sucesso também na TV

Vindo de Bauru/SP, Roberval Rodrigues fazia grande sucesso com seu programa de rádio, êxito este que se repetiu na TV, com Morada Sertaneja, gravado numa churrascaria no centro da cidade.

Pela atração passavam cantores desconhecidos do grande público e também nomes consagrados.

 

Anos mais tarde, Roberval em sua emissora

Programa Oliveira Jr.

Outro radialista que também emplacou na SP Sul TV foi Oliveira Jr. Seu programa de auditório contava com números musicais e o apresentador também interagia com a plateia. As gravações aconteciam no andar superior do Sindicato Rural.

 

Programas policiais

Gildo Moraes também mostrou seu talento de apresentador de notícias policiais também na TV, bem como o polêmico Marcos Motta, cada qual com seu estilo.

O apresentador Gildo Moraes: do rádio para a TV
 

Telejornal

A emissora também reservava espaço para o seu telejornal, tendo como âncora o radialista Walter Nakan, além de Paula Guarnieri, que dividiu a bancada após o fim de seu programa infantil.

Gente Como Agente

O professor e colunista Ivan Barsanti Silveira e a psicóloga Regina Soares apresentavam o programa Gente Como Agente, com temas diferentes abordados e convidados, além de atrações musicais.

Ivan no comando do programa, gravado nos estúdios

“Colocamos o nome do programa desta forma para dar o conceito de agente de transformação, de atividade”, relembra Regina.

 

Ao lado de Ivan, Regina abordou assuntos importantes

Repórter Caipira

O violeiro Bob Vieira fez sucesso na pele de um apresentador caipira, destacando a figura do sertanejo e mostrando a Cultura em Itapetininga em suas diferentes áreas.

O 'Repórter Caipira' em ação

Outra performance de Bob Vieira

O tempo passou e Bob continua talentoso

Passaporte 44

Colunista do jornal Folha de Itapetininga, Josiane Alciati esteve à frente de um programa de entrevistas.



 







Nossa Gente na TV

Hoje responsável pelo Jornal Mulher, Jacqueline Audrey Venâncio, também teve seu programa de entrevistas, o Nossa Gente na TV. E um detalhe: seus cabelos eram escuros.

Arte & Cultura

Além do Gente Como Agente, Ivan Barsanti também apresentou o Arte & Cultura, destacando e comentando os principais lançamentos em filmes, livros e música.

Fatos curiosos

Na inauguração da SP Sul TV, ocorrera a transmissão ao vivo de um parto na maternidade da cidade.

Um programa de luta livre, com a participação de Maria Teresa (esposa de Airton Rodrigues), tinha como cenário o CASI – Clube Atlético Sorocabana de Itapetininga.

A programação teve ainda uma minissérie chamada Um Conto em Três Pontos, sendo uma das locações, o Cemitério São João Batista.

O cinegrafista Fabrício Vieira comentou sobre esta produção:

"Eu fui câmera sob direção de José Abrão. Gravamos em uma noite, entrando madrugada adentro. Foi usada a lateral direita do cemitério. A unidade móvel de gravação e toda equipe técnica e a produção de atores ficaram concentrados na ruazinha ao lado do cemitério. Foram feitas cenas no necrotério (antigo) e alguns túmulos", recorda Vieira.

Depoimentos

Para falar sobre os 30 anos da SP Sul TV, tentamos contato com vários nomes que passaram pela emissora, porém, nem todos responderam.

Confira a seguir, o que disseram os entrevistados:


Fabrício Vieira - Cinegrafista

Futuro promissor: o jovem Fabrício


Principal cinegrafista da SP Sul TV, Fabrício Vieira também participou da reportagem e conta como tudo começou.

“Minha mãe tem uma foto onde apareço com três ou quatro anos, na qual estava com uma máquina fotográfica em mãos e penso que foi então que tudo começou”, diz Vieira, acrescentando que sempre gostou de dormir ouvindo rádio. “Na época era Turma da Maré Mansa, Rádio Globo do Rio. Na casa da minha avó materna ouvia Zé Betio e Filisbino na Rádio Difusora”, cita o cinegrafista.

“O tempo passou eu comecei a gravar fita cassete em um aparelho de som ‘3x1’, que com muito sacrifício minha mãe comprou. Me lembro que tinha dois decks e dava para gravar de fita para fita. Na época eu gravava e presenteava alguns amigos”, diz, orgulhoso.

Fabrício Vieira comenta sobre sua “linda e inesquecível infância”: “fui servente de pedreiro, pintor, pois meus tios eram mestres na arte da construção. Também trabalhei como engraxate e entregador de jornais do saudoso Gazeta de Itapetininga, onde os proprietários eram o sr. Severino - um nordestino que lidava com a parte mecânica do jornal  e o respeitado jornalista Osmar (in memorian) e sua fiel irmã, Maria Rodrigues dos Santos, que tocavam o jornal. Depois fui trabalhar das 17 às 21h no bar do sr. João Caju, na esquina da pracinha da vila Rosa”, acrescentando: “foi quando aprendi a me expressar e a lidar com pessoas de todas as classes e a ouvir os mais experientes e continuava a gravar fitas e ouvir rádio. No bar ia uma pessoa que chamavam de Toninho Tabaco (motorista de uma novela que não lembro mais) ele era motorista da família Abrão, foi quando escutei minha mãe cochichar com meu pai que eu já estava com 15 anos e na hora de agarrar algum trabalho melhor, quando meus pais sugeriram que eu fosse trabalhar na rádio, já que conhecia o ‘Tabaquinho’. Não deu outra. Seu sonho de trabalhar em comunicação estava prestes a se realizar. “Em três dias encostou um carro em frente a minha casa e ouvi palmas, quando saí para ver, era o próprio Tabaco me perguntando se eu queria trabalhar na rádio. Claro que disse sim e falou que na manhã seguinte estivesse na rádio para conversar com Cláudio Teixeira (que depois soube que era de televisão, da época da TV Tupi e SBT e estava lá aguardando a montagem da SP Sul TV), que logo viria a ser inaugurada e Cláudio, um dos poucos com experiência veio me ensinar. Meus olhos se encheram de alegria e ao final da visita ficou acertado que começaria no Jornal do Meio Dia, com Chico Vey, Walter Nakan, Carlos José de Oliveira e às vezes o  (como carinhosamente me refiro até hoje ao José Abrão) e na sonoplastia Alberto Cláudio, grande profissional. Foi Alberto Cláudio que me ensinou a ser sonoplasta e operador de áudio de rádio difusão. Muitas histórias vivi ali, até que muitas outras vivi com a chegada da SP Sul TV”, concluiu.

Fabrício participou do "boom" da emissora, entre 1990 e 1992", depois, seguiu carreira, trabalhando em diferentes emissoras, como SBT, Globo, Canção Nova, entre outras.
Experiência: Fabrício hoje


Fábio Campos (cinegrafista) 

Fábio Campos e José Abrão

 “Sempre fui apaixonado por televisão e meios de comunicação de um modo geral. O meu tio, Ivan (Barsanti) desde que eu me conheço por gente, já tinha uma filmadora, aquela super 8, que tinha que revelar para depois passar no projetor. Aquilo era uma câmera de cinema, não tinha videocassete, mas câmera de rolo. Mais tarde começaram a aparecer as câmeras VHS”, lembra Campos.

“Em 1990 inaugurou a SP Sul TV, fato histórico, porque naquela época, dificilmente uma cidade pequena, de médio porte como Itapetininga, tinha uma emissora de televisão local. Foi um grande marco para nossa cidade”, destaca o cinegrafista.

Fábio Campos conta como surgiu a oportunidade de trabalhar no rádio e depois, na própria SP Sul TV.

“O irmão de um grande amigo meu, Fabrício Vieira, começou a trabalhar na Rádio Difusora, e foi trabalhar como câmera na SP Sul TV. Eu era novo ainda, tinha 14 anos. Fiquei maravilhado com aquilo, uma inovação para Itapetininga e Região, nem Sorocaba tinha uma emissora local”, relembra.

“Sempre desejei ser cinegrafista”, enfatiza Campos, lembrando uma frase de sua avó. “Você quer ser o que? Cinegrafista? Ah, aquela câmera é pesada e não dá futuro. Tem que fazer faculdade...”

“Aí terminei o colegial, fui fazer faculdade de Publicidade em São Paulo e não deu certo. Acabei voltando pra cá, em 1996. Fui fazer cursinho e depois cursar faculdade de Publicidade em Sorocaba. Meu tio Ivan tinha um programa que se chamava Arte & Cultura. Comecei a fazer imagens em cinema para seu programa e o pessoal gostou. Daí o André Garcia, que hoje é padre, queria montar um núcleo de jornalismo e me chamaram”.

“Lá conheci a atual prefeita, Simone Marqueto, que começou na SP Sul TV, na época era Simone Camargo”, lembra Campos, que chegou já na fase final da emissora, quando a SP Sul TV estava só com o jornalismo.

A SP Sul TV foi importantíssima para muitas pessoas que começaram ali e estão até hoje, como a Neiva Correa, o próprio Helton Rodrigues, que depois foi para a Globo, Mário Nogueira e o Fabrício, que faz os jogos da Globosat (Esporte TV).  É uma pena que tenha acabado. Não sei como ficaram os arquivos”, indaga.

Paula Guarnieri

Paula Guarneri: apresentadora fez muito sucesso

Antes de comandar o Show da Criança, Paula Guarnieri era dona de uma das maiores audiências da Super Difusora FM.

Sempre muito simpática e atenciosa, Paula também comentou sobre o período em que integrou a equipe da SP Sul TV.

“Paramos a cidade literalmente. Nessa época não tínhamos TV TEM e Jovem Pan. Tudo era mais simples, porém, com mais identidade. Na verdade o que eu queria era ser apresentadora de telejornal”, revela Paula, o que conseguiu quando acabou o infantil.

Para ela, o que mais marcou além da inauguração, foi quando ficou uma hora ao vivo, sem roteiro, mas no improviso. “Foram os comentários mais positivos e encorajadores que recebi de que tinha jeito para a coisa”, risos, citando ainda outro importante momento, no programa Almoço Com as Estrelas, quando fez parte do quadro Roda Viva, entrevistando o Jair Rodrigues e na mesa também, Wilson Simonal. “Foi emocionante. Me sinto pioneira, enfatiza”. 

Gil Velloso

O empresário Gil Veloso: amizade com Airton desde a Tupi

Empresário que levou muitos nomes para participar da programação da SP Sul TV, Gil Velloso também falou sobre a emissora.

“Foi muito bom ter participado juntamente com meu saudoso amigo Airton Rodrigues. Era um espaço a mais para a divulgação de nosso trabalho no Interior”.

Tivas Miguel



Compositor de sucessos gravados por inúmeros artistas, Tivas Miguel esteve na programação da SP Sul TV lançando álbuns como intérprete.

Mauro Ghan

Atualmente Mauro Gambini, foi outro grande talento a mostrar suas músicas na programação da SP Sul TV.

Além da carreira de cantor, teve seu próprio estúdio, produzindo diversos nomes e hoje trabalha como hipnoterapeuta.



Outros nomes

Carlos José de Oliveira, Chico Vey, Clarindo Lamounier, Pedro Lacerda, Cesar José Cardozo, Lúcio José, Tibúrcio, também integraram a equipe da SP Sul TV, entre muitos outros.

O saudoso Dioguinho do Sertão e Tibúrcio
Pedro Lacerda

O padre André Garcia, que já foi o Palhaço Feliz

 

Tuty, filha de José Abrão e atual diretora das rádios

Agradecimentos

Obrigado, Família Abrão, através do próprio sr. José Abrão e sua esposa Telma, pelo presente maravilhoso que foi, ainda que por poucos anos, a existência da SP Sul TV.

Tuty, obrigado pelo carinho e atenção de sempre.

Paula Guarneri, pode ter a segurança de que seu programa fez a felicidade de muitos e com certeza tais lembranças estão guardadas para sempre, na mente e no coração, afinal, como dizia a música de abertura, “a vida é, uma criança, no carrossel, de esperança...”

Este artigo é para deixar registrado um pouco do que foi a nossa querida TV Comunitária.

 

4 comentários:

  1. Bom dia, nossa me lembro dessa época, meu pai se apresentava no programa morada sertaneja, eu gostaria muito de ter acesso as gravações do meu pai, ele se chamava Aparício Pires, tocava violão e era artesão, por favor me procurem se puderem me ajudar a resgatar essas velas lembranças.. grata

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  2. Oi tudo bem gostaria de saber o nome da minissérie que foi feita no cemitério

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  4. Tem alguma coisa errada nessa inauguração. Corrijam.

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